domingo, novembro 05, 2006

Sobre a liberdade das palavras e a minha própria

Estou fisicamente cansado. Não além, também mentalmente. Essa estafa a que meu todo se comprometeu (digo comprometimento por razões puramente optativas) vem causando certa angústia interna, o que poeria ser comum a considerar o indivíduo instável que sou; porém, estou assustado! Jamais experimentei tal estado de apraxia apoplética até os presentes dias. Esta coisa funciona como um aríete ao contrário que, na sua função destrutiva, soergue muros aos redores, impedindo sequer estreita passagem de pensamento. E assim subconscientemente vai-se esparsando minha estrutura emocional interna e sigo (como redestruindo tudo o que o aríete às avessas pôs abaixo) fazendo coleções de palavras:

- frenesi, frenético, feérico, festim, fatídico, factual, áptero, instinto, estugo, estrago, esmero, estirpe, extorque, expele, expurga, comunga, ausculta, comisera, austero, infeliz, rude...

como se em algum momento fossem todas correr de mim, procuro repeti-las e defini-las em mente: cá estão como eu para a vida! Detentas de meus próprios labirintos. E já não reparo que mantenho-as prisioneiras de uma estrutura cristalizada, como tenho feito comigo em vida. Maldito cadafalso interno que pus como alçapão para as idéias! Agora precisam nascer mediante o consenso do racional!

A integral de uma função limitada em algum intervalo pode ser repartida em duas de forma que a soma destas conserve a totalidade. Veio-me agora à cabeça. Assim como o fato de que a integral significa todo, porção completa de algo que se considera. As palavras residem em mim inquietas, sobre o pretexto da excrescência e tenho muito medo de não consierá-las tão abstratas e livres como verdadeiramente são...

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Pelo o que li, 'o beco-sem-saída não constitui mais mera figura de retórica', como já escreveu Waly Salomão... Isso é grave. Que esse atrapalho passe logo e que não bloqueie tua inspiração. Sumiste da net, de tudo. Mande notícias do mundo daí.

11:36 AM  
Blogger Lua said...

Será que as palavras são mesmo livres? Elas não são prisioneiras de significados e regras? Acho que a tua paixão quis libertá-las, mas a única coisa que ela conseguiu fazer foi dar-lhes vida e incutir essa revolução inquieta.


Hoje é teu aniversário! Queria poder te dar parabéns pessoalmente, mas como isso não é possível, aceite essa mensagem que no pouco que diz muito deseja. Pelo pouco que sei de ti, dos teus sonhos e intuitos, almejo a tua grandeza, de tudo. "Sê grande, sê inteiro, sê todo em qualquer parte." (não lembro direito das palavras de Pessoa nesse poema).

"Soneto de aniversário

Passem-se dias, horas, meses, anos
Amadureçam as ilusões da vida
Prossiga ela sempre dividida
Entre compensações e desenganos.

Faça-se a carne mais envilecida
Diminuam os bens, cresçam os danos
Vença o ideal de andar caminhos planos
Melhor que levar tudo de vencida.

Queira-se antes ventura que aventura
À medida que a têmpora embranquece
E fica tenra a fibra que era dura.

E eu te direi: amiga minha, esquece....
Que grande é este amor meu de criatura
Que vê envelhecer e não envelhece."

E é isso.. que muitas rosas brotem no seu jardim e várias borboletas amarelas sejam libertas.

beijos, Luana.

11:01 AM  
Anonymous Anônimo said...

Não resisti e fiz um blog, aparece por lá... Parabéns de novo pelo aniversário, Marcelo. ;)

8:29 PM  

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